Principal gestor de talentos brasileiro, Marcus Montenegro deu palestra sobre gestão de carreira e criticou o etarismo do mercado
Por Gabriel Costa
Marcus Montenegro. Foto: Annelize Tozetto.
Marcus Montenegro era ainda um jovem produtor quando veio pela primeira vez ao Festival de Curitiba de 1995. Durante um fórum promovido pelo evento, ele conheceu Paulo Autran (1922-2007) e sua vida mudou totalmente. Ele passou a trabalhar com o grande ator do teatro brasileiro, engatou sucessos como produtor e tornou-se o mais importante agente de talentos do país.
Trinta anos depois, o agente de talentos voltou ao evento para ministrar a palestra Ser Artista, na programação do Interlocuções, na Caixa Cultural. A conversa tem o mesmo nome de seu primeiro livro, lançado em 2020, que também virou peça, série e podcast.
Montenegro participou de uma coletiva de imprensa na Sala Ney Latorraca, no Hotel Mabu, onde anunciou que lançará um novo livro em 2027. A publicação, que sairá pela editora HarperCollins, celebrará seus 40 anos de carreira. Segundo ele, será uma homenagem às grandes atrizes do teatro brasileiro com quem trabalhou ao longo das décadas.
A frente da empresa de gerenciamento de carreiras Montenegro Talents, ele contou que representa cerca de 300 artistas, entre atores, diretores e autores. Durante a palestra, ele apresentou o chamado “método 360”, modelo criado por ele para orientar o desenvolvimento de carreiras no meio artístico.
Etarismo
“É preciso respeitar quem já construiu uma trajetória”, disse Marcus Montenegro. Montenegro também abordou a questão do etarismo no mercado artístico. Segundo ele, há um desequilíbrio preocupante no setor, com a exclusão de artistas experientes. “O mercado está fadando ao desemprego um ator com 50 anos ou mais. Isso é um absurdo. No auge da maturidade, um artista tem mais conteúdo, inteligência emocional e experiência para entregar um bom trabalho”, afirmou.
Ele defendeu o diálogo entre gerações, mas lamentou a ausência de equilíbrio de faixas etárias nos roteiros e produções nacionais. “É claro que o novo tem que vir, mas é preciso respeitar e incluir quem já construiu uma trajetória. Esse desequilíbrio nunca foi tão forte quanto agora”, completou.