Júlia Herculano e Andrei Moscheto. Crédito: Annelize Tozetto.

Fundador do grupo de comédia curitibano Antropofocus, o produtor, diretor, ator e dramaturgo Andrei Moscheto assumiu para si uma nova missão: popularizar a arte do improviso.

E como na comunidade dos improvisadores, a capital do Paraná já pode ser considerada um celeiro (“com pelo menos cinco grupos estáveis”), o melhor lugar pra começar é mesmo o Festival de Curitiba.

O ponto de partida para os planos de Moscheto é a primeira edição da MoiM, a “Mostra de Impro”, cuja programação ele e Júlia Herculano, da Cia. Arvoredo, anunciaram durante a coletiva de Imprensa na Sala Jô Soares, na manhã de terça-feira, 4. A MoiM acontece dentro da programação do Fringe.

Com seis apresentações, três workshops gratuitos e dois bate-papos, a MoiM vai até o dia 9 de abril e reúne cerca de 40 artistas. O destaque fica com o colombiano Gustavo Miranda Ángel.

O Gustavo estourou de sucesso na Colômbia. Depois, chegou no Brasil e estourou de sucesso aqui. Foi pra Portugal e estourou de sucesso lá. Minha impressão é que ele está jogando War, dominando territórios”, ri Moscheto. “Ele só vai parar quando chegar no Japão.”

Por aí já dá pra perceber que improvisação não é bagunça. É um ofício que acontece dentro dos seus próprios termos. “Existe uma distinção entre o que as pessoas acham que é improviso, e o que o improviso de fato é.”

O teatro do improviso não é a mesma coisa que uma peça de stand-up, destaca Moscheto, e nem sempre precisa ter como o alvo o humor – embora seja esse o objetivo da MoiM.

Improvisar é ter a oportunidade de criar uma dramaturgia dinâmica com a ajuda da plateia em uma noite específica. A plateia precisa reconhecer que aquela é uma história inédita, e que ele, o público, também contribuiu para a sua criação.”

Obras de arte da música e da literatura são pequenas cápsulas do tempo, imutáveis. O teatro já é mais efêmero, um mesmo espetáculo vai sofrendo mudanças num determinado período. Dentro disso, o improviso é o máximo da efemeridade. Não existe nenhuma perspectiva de repetir uma obra. Ali, o artista estabelece um laço quase tribal com o público.”

Dentro disso, existem diferentes formatos. Na MoiM, por exemplo, o espetáculo “La Direción” propõe que todo mundo se imagine dentro de um set de filmagem, com um diretor imprudente e um bando de atores sem roteiro. O exercício é então criar um filme juntando as contribuições de todos os presentes.

Em “O Banco”, tudo começa com algum espectador descrevendo um banco de praça que tenha ficado gravado em sua memória (“todo mundo tem um”, garante Moscheto). Munidos disso, os improvisadores terão que imaginar o que seria um dia na “vida” desse inanimado equipamento urbano.

Consulte a programação completa da MoiM no Guia Oficial do Festival de Curitiba, a partir da página 82.

Mas, pode acontecer de a audiência não ser das mais receptivas, certo? E aí, como é que o improvisador se vira? “A gente nunca bota essa culpa na plateia. Isso facilitaria muito a nossa vida”, brinca Moscheto. “Este é o maior desafio: o artista é o principal responsável pelo que vai acontecer. A plateia está ali pra ajudar no que for possível.”

Estabelecidas as regras, a primeira edição da MoiM está pronta pra ganhar Curitiba. “Nossa vontade é alcançar o planeta”, aponta Moscheto.

Por Sandoval Matheus – Agência de Notícias do Festival de Curitiba.

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