De 25 de março a 7 de abril de 2024

2024 32º Edição

O mestre curandeiro Bu’ú Kennedy é nativo dos clãs dos curandeiros Onça. Nascido em São Gabriel da Cachoeira, a cidade com a maior presença indígena do país e uma das poucas em que o português não é a única língua oficial, é uma liderança daquela comunidade e organiza projetos sociais e culturais na terra indígena.

Radicado em São Paulo, o artista plástico é o diretor do projeto de circulação da performance ritual ÜHPÜ que encerra o 32º Festival de Curitiba este domingo (7) às 19h30 na Casa Hoffmann. Bu’ú esteve na sala de imprensa do festival, neste sábado ao lado de grupo sete artistas que o acompanham no pslco para falar sobre a performance que vem pela primeira vez a Curitiba.

“ÜHPÜ” quer dizer o corpo e surgiu como resultado das minhas práticas cerimoniais, da minha linha espiritual”, disse Bu’ú. O mestre conta que já viajou para vários países da Europa e América Latina sempre “para celebrar, vibrar, energia para a humanidade, tudo o que acontece, entrando com a mente, através de nossas orações, movendo mineral, animal, vegetal, sistematizar a energia universal, esse é o nosso trabalho”.

Em 2018, o grupo passou a usar as estruturas do teatro tradicional para fazer a performance ritual circular pelos festivais e assim chegar a um público maior e mais variado. “Às vezes a gente coloca as definições do teatro tradicional para a gente estar aqui. O pessoal entender que é espetáculo, o pessoal entender que tem palco, plateia, mas nada disso é nossas marcações, são nossas marcações. Aqui é uma experiência, então quem for, quem estiver no espaço, vai participar também”, disse.

Na primeira experiência de montagem pública de ÜH-PÜ, em Belo Horizonte, “tinha gente chorando, porque é muito, apesar de ser uma apresentação, nós conectamos com a palavra, o poder da palavra, a força e a energia do som que nós cantamos, tocando flauta, maracá para as pessoas, isso é uma terapia de cura, que são práticas antigas e diversas. A natureza está dentro de mim aonde quer que eu vá.”

Quanto a dinâmica entre público e os executores da performance, ele explica, “se o público falar Bu’ú, pode defumar todo mundo, nós vamos defumar todo mundo. Estamos abertos a interação pública”, disse.

Assim é ÜHPÜ. É preciso ver para saber oque realmente é.