Peça imersiva na Casa Quatro Ventos faz parte de mostra que coloca o feminismo em pauta

Por Luciana Penante

Foto: Anne Tozetto.

A dramaturga e diretora Ana Carneiro tem uma longa carreira internacional. Como ela mesma frisa, faz parte da diáspora brasileira. Há 25 anos fora do país, Ana “volta para casa” no Festival de Curitiba, partindo de um texto seu, escrito há 12 anos na Itália, agora reformatado com um prisma de justiça social e inclusão. O resultado poderá ser visto na Casa Quatro Ventos, que foi redecorada como uma casa de bonecas para a mostra imersiva Plastic Doll, que faz parte da programação do Fringe.

Ana contou que ao ver a Casa Quatro Ventos pronta para receber a mostra, chorou. Se sentiu “em casa”. Durante os dias de programação – de 27 de março a 2 de abril – será possível visitar o espaço no qual o espetáculo é encenado – todo cor-de-rosa, mas nem um pouco perfeito. Ao olhar mais de perto, o público deve ser confrontado com situações de violência doméstica e desafiado a pensar questões de gênero.

Em Plastic Doll, a Barbie funciona, segundo Ana, “como uma máscara corroída que evidencia os abusos da cultura ocidental e do sistema patriarcal”. Seria a peça de 2013 inspiração para o filme da Barbie, sucesso hollywoodiano de 2023? A diretora refutou a ideia. “As questões feministas no contexto latino-americano são bem diferentes”, salientou em bate-papo com jornalistas na quarta-feira, 26, na sala de imprensa Ney Latorraca do hotel Mabu.

Para Laura Fernández, professora da Universidad Nacional de las Artes e codiretora da peça Plastic Doll, participar da 33ª edição do festival é um feito grandioso: “Mamãe, estou no Festival de Curitiba”, brincou a argentina. As diretoras reforçaram, durante a conversa, o quanto essa união de mulheres na direção é um contraponto à figura do diretor homem-cis-branco centralizador.

A mostra mescla teatro, artes visuais, performance e ações formativas e foi viabilizada com recursos financeiros da Universidade de Indiana, dos Estados Unidos, por meio da ONG Babel Theater Project, dirigida por Ana. A equipe da mostra Plastic Doll é majoritariamente composta por mulheres, pessoas trans e não-binárias, e inclui uma atriz surda, reforçando o compromisso da ONG com a diversidade e as políticas afirmativas de gênero. Talita Braga, produtora e coidealizadora da mostra, também ressaltou a importância das oficinas – são 3 – como espaço de formação.

Serviço:
Mostra Plastic Doll
Local: Casa Quatro Ventos – Rua da Paz, 51, Centro, Curitiba
Data: 27/03 a 05/04/2025
Programação gratuita (oficinas com inscrição prévia)
Mais informações: https://festivaldecuritiba.com.br/atracao/buscar/plastic-doll

Redes Sociais