Caetano Galindo, premiado e irresponsável – pra nossa sorte

O curitibano Caetano W. Galindo é um tipo moderno de camarada. Não gosta, por exemplo, de ligações telefônicas. Prefere dar entrevistas por WhatsApp, respondendo as perguntas por áudio. Também não corresponde à ideia tradicional, e um tanto ególatra, que se faz de um autor. Fica confortável nos projetos em que um texto é construído a muitas mãos.

Por isso, a encomenda da Cia.BR116 caiu como uma luva. “Eu perdi a conta de quantas vezes o texto foi e voltou com pedidos, sugestões, alterações. Devem ter sido umas doze, treze”, contabiliza. “Eu adoro essa ideia de perder o controle”.

Na crista da popularidade, já premiado como tradutor e contista, Galindo chega ao Festival de Curitiba com a peça “Ana Lívia”. No enredo, duas atrizes, trancafiadas em um palco, estão às voltas com uma conversa que uma delas não quer encarar.

“Foi uma total aposta às cegas da companhia em mim, um maluco que nunca antes tinha escrito um texto para teatro”, observa. “Mas eu não sou de dizer não para proposta boa, por mais que seja meio irresponsável da minha parte”, brinca.

O espetáculo faz referência ao cânone da literatura universal, citando autores como James Joyce, Emily Dickinson e Dylan Thomas. É o tipo de texto “cabeçudo”, mas que não foge do riso. “Tem um momento em que vira quase um pastelão. Ao mesmo tempo, a gente espera que o público saia do teatro com algumas ideias mais inquietantes atrás da orelha.

O saldo da experiência? “Eu me diverti muito.” E vem repeteco por aí, garante.

 

Sandoval Matheus
Agência de Notícias FTC

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