Mais uma vez ao lado de Eliane Giardini, ator está no espetáculo “Intimidade Indecente”, com duas sessões no Guairão neste domingo
Marcos Caruso e Eliane Giardini. Crédito: Annelize Tozetto.
Pode não parecer para quem se lembra do estrondoso sucesso de Marcos Caruso e Eliane Giardini na novela “Avenida Brasil”, de dez anos atrás – e ainda traz na memória as bossas e trejeitos dos personagens Leleco e Muricy –, mas é a primeira vez que os dois vivem um casal no teatro. Além disso, a peça “Intimidade Indecente”, que está em cartaz na Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba, também marca a estreia de Giardini no Guairão.
“Estamos muito felizes em estar numa mostra chamada Lucia Camargo. Ela foi nossa grande amiga”, diz Caruso. “A expectativa sobre Curitiba? Não existe. Vir para o Festival é uma certeza. A gente sabe que o teatro vai estar lotado, e a gente conhece a excelência da organização.”
A química entre os dois na interpretação, garantem, segue intacta. Entre os motivos, o fato de ambos compartilharem o mesmo senso de humor e as mesmas posições diante da vida. “Até porque a gente só se relaciona com quem tem o mesmo tipo de humor. Com quem ri das mesmas coisas”, analisa Caruso.
“Nós dois também somos pessoas de esquerda. Não somos ativistas, mas somos de esquerda”, completa Giardini, antes de continuar: “E nós dois também entramos pouco no Instagram. Isso faz o nosso produtor ficar de cabelo branco”, ri ela.
“Intimidade Indecente” fala de um casal no “outono da vida”, que entre idas e vindas, separações e reenlaces, encara o processo de envelhecimento. “É um texto de que todo mundo gosta. Os mais jovens projetam ali o seu futuro. Os mais velhos, se veem ali. Os personagens são pessoas muito comuns, muito reconhecíveis. Tudo o que acontece no palco já aconteceu na vida de vocês ou dos pais de vocês”, diz Caruso.
Apesar de ser uma comédia, para Giardini a peça dá ao público a exata noção de que a vida é curta, e de que é melhor não perder tempo com picuinhas. “Um radialista que assistiu, depois comentou que precisava voltar pra casa rápido. Ele tinha saído brigado com a mulher, por causa de alguma coisa idiota. Queria voltar logo e dizer: ‘chega, vamos parar’.”
Ela reconhece, no entanto, que o amor não tem fórmula. “O grande fracasso, pra mim, é você se apaixonar por uma pessoa, viver com ela e depois sentir ódio pelo resto da vida”, aconselha. “Uma das coisas mais difíceis é você se apaixonar por uma pessoa e depois começar a querer mudar o que ela é. As pessoas são um sistema: ótimas em algumas coisas, péssimas em outras.”
Marcos, que passou por quatro casamentos, concorda. “Quando me separei da minha primeira esposa, me perguntavam: ‘mas separou por quê?’. Eu respondia: por amor. Separamos pra não entrar no estágio do ódio.”
No Guairão, “Intimidade Indecente” terá duas sessões seguidas, às 16h e às 18h, com mera meia hora de intervalo pros atores recuperarem o fôlego, mas isso não será um problema. Pelo menos, é o que eles dizem. “Eu até prefiro, senão a gente esfria”, diz Giardini. “Eu me cuido muito, e é pra isso mesmo. Pedalo 14 quilômetros por dia e nado sempre”, conta Caruso, aos 71 anos. “Também fumo, porque ninguém é de ferro”, gargalha.
Marcos Causo já participou de outra montagem de “Intimidade Indecente”, há vinte anos. No geral, afirma não gostar de repetir trabalhos. “Topei dessa vez porque inicialmente iam ser só três meses em Portugal. Topei pra viajar, ganhar bem, comer bem e ficar em hotel.”
Pra quem não gosta de repetir papeis e nem sentir saudade (“acho essa palavra uma merda”), como lidar ainda hoje com o assédio de um sucesso televisivo tão abrasivo quanto “Avenida Brasil”? “É claro que existe, foi uma produção com muita força popular. Todo o careca que eu encontro me diz que o apelido dele é Leleco”, brinca. “Na novela, a Tessália e o Adauto, personagens mais novos, se apaixonaram verdadeiramente pelo Leleco e pela Muricy. Foi algo que aumentou a autoestima de muita gente.”
Serviço:
O que: “Intimidade Indecente”, no 31.º Festival de Curitiba
Quando: 02/04 às 16h e às 18h
Onde: Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade, s/n)
Valores: R$ 80 e R$40
Classificação: 14
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h
Por Sandoval Matheus – Agência de Notícias do Festival de Curitiba.
