Edição de 2025 reforçou o caráter do evento de impulsionar e ampliar o mercado cultural nacional e fortalecer as redes profissionais da cultura para além do Festival de Curitiba
Por Thiago Lucas, com a colaboração de Eduardo Volski
Foto: Lina Sumizono.
A 3ª Rodada de Conexões se consolidou como um dos principais pontos de encontro para curadores, programadores e artistas do mercado cultural, fomentando o intercâmbio entre profissionais da cena do país e do exterior. Mais de 70 participantes registrados participaram neste ano, gerando mais de 380 oportunidades de negócios que deverão movimentar, nos próximos meses, entre R$ 14 e R$ 18 milhões, de acordo com estimativas da Realize Hub, empresa especializada em inteligência de mercado e parceira do evento.
Durante essa iniciativa do Festival de Curitiba, as companhias participantes contaram com até 10 minutos por reunião para apresentar seu portfólio aos programadores/curadores, na expectativa de ‘dar um match’ de negócios e levar as atrações para a programação de entidades culturais e festivais do Brasil e do mundo. A terceira edição do Rodada de Conexões recebeu, desta vez, representantes de Chicago (EUA) e de Córdoba (Argentina).
Fabiula Passini, diretora do Festival de Curitiba, comemorou os avanços da edição deste ano, destacando que, pela primeira vez, alguns espetáculos foram confirmados para outros festivais logo durante as rodadas de conversa. “Me surpreendeu que algumas conexões deram certo, já, logo no início. Recebemos depoimentos de programadores que sabem exatamente quais espetáculos vão levar para seus festivais. Isso não tinha acontecido na outra edição. Pelo menos umas dez negociações saíram da própria rodada ali, no momento das conversas. Isso nunca tinha acontecido antes, então é super positivo.”
Outro aspecto que demonstra o crescimento e a importância do evento, segundo Fabiula, é a antecipação da procura por parte dos programadores interessados em participar da Rodada de Conexões. “Fiquei muito feliz em ver como a Rodada vem se consolidando ao longo dos anos. Agora, os programadores estão buscando o evento com mais antecedência para garantir a participação e não ficar de fora. Esse interesse crescente é um reconhecimento do impacto real que a Rodada tem gerado no cenário cultural.”
Novas abordagens e experimentações
A produtora Soraya Portela, do Trisca Festival (Piauí) e Instituto Punaré, destacou a importância desses eventos para expandir o olhar e as possibilidades de curadoria, especialmente por possibilitar o encontro de atrações que dialoguem com diferentes contextos culturais. “Me interessei muito por um espetáculo que fala do contexto andino, porque tem muita familiaridade com o território onde vivo, repleto de tradições, lendas sobre rios, fogo, floresta e natureza”, afirmou. Para ela, a Rodada de Conexões do Festival de Curitiba também é um primeiro passo para novas parcerias: “Não funciona apenas para levar para o seu contexto específico, mas também para compartilhar e indicar essas para outros festivais, construir uma rede”.
Os artistas Vitor Berti e Ju Herculano, da Companhia Dupla Face, trouxeram para a Rodada de Conexões um formato inovador de apresentação, seu espetáculo “Vivenda” é baseado no teatro de improvisação. “Acredito que conseguimos gerar conexões reais. Trocamos contatos e teremos novas possibilidades para apresentar nossa proposta”, conta Berti. Já a parceira de companhia, Ju, complementa que a improvisação é uma linguagem que nem sempre é levada para Festivais e estar no evento foi importante nesse sentido “Ver o interesse dos programadores foi muito motivador”, diz.
Marcelino Castillo, diretor-geral do Girart, Puerta al Mundo, explicou que para ser artista hoje e querer entrar firme nesse circuito é preciso investir muito, montar um bom portfólio, um vídeo de qualidade e estar presente em feiras e mercados.
Segundo ele, o Festival de Curitiba com a iniciativa das Rodadas facilita muito esse aspecto. “Participar dessa imersão com uma equipe de produtores culturais disponíveis para apresentar os projetos têm um valor imenso. É muito mais do que facilitar o caminho, é uma questão de propor verdadeiras conexões”, enfatizou.