Por Sandro Moser
Um blecaute faz o elevador parar e assim começam as duas histórias que compõem a dramaturgia de Três Luzes, uma das estreias nacionais da Mostra Lúcia Camargo do Festival de Curitiba com sessões nos dias 06 e 7 de abril às 20h30 e 19h no Teatro Zé Maria. “A mulher que fica presa no elevador é uma metáfora para a prisão em que a gente estava quando começou a pensar no projeto. Isso se desdobra em outras prisões que existem na vida e se misturam a questões muito particulares”, disse o autor Aristeu Araujo, durante coletiva de imprensa no Hotel Mabu na última quinta-feira (4).
Quando ele e a atriz Cássia Damasceno começaram a pensar no projeto do monólogo de autoinfecção que se transformou no espetáculo, o futuro parecia incerto. Como se alguém tivesse apagado a luz. No confinamento forçado, porém, fez com que ambos mergulhassem em coisas pessoais e nisso achassem histórias das próprias famílias que se encontravam em lugares onde ambos cresceram sem energia elétrica.
“Nesses devaneios a gente passou pela ancestralidade, ao falar dos nossos pais em histórias que têm como pano de fundo os blecautes que nos dão chance de falar de medos. Na peça tem fobia para todo mundo, mas a gente também fala dos sonhos. E uma peça bem democrática, cada um sai com uma coisinha diferente”, disse Aristeu.
Na equipe de Três Luzes há muita gente que tem trabalhos consistentes no cinema como a assistente de direção Jade Azevedo e o diretor musical Luiz Lepchak, cuja trilha original é parte fundamental da dramaturgia da peça. Além do próprio Aristeu, que tem carreira como diretor e montador.
Todos garantem, porém, que a peça não tem nada de cinematográfico, pelo contrário, é uma criação teatral que foi apresentada pela primeira vez ainda em processo de criação numa leitura durante a Curitiba Mostra durante o Festival de Curitiba de 2023.
Com consultoria dramatúrgica de Henrique Fonte, o projeto foi se transformando a partir dessa leitura com audiência. “A partir dali nós fomos transformando a peça até chegar nesta versão final deste que projeto surgiu da necessidade de usar o nosso tempo fazendo arte para gente ficar vivo”, disse Cássia.