De 25 de março a 7 de abril de 2024

2024 32º Edição

No Dia Mundial da Síndrome de Down, diretora da peça que abre o Festival de Curitiba fala do impacto transformador da arte.

Daqui a uma semana, a peça Hamlet, abre o Festival de Curitiba com um elenco composto pela primeira vez por atores e atrizes do grupo peruano Teatro La Plaza, todos portadores da síndrome numa montagem na Mostra Lucia Camargo.

Hoje, dia 21 de março é o “Dia Mundial da Síndrome de Down”, a diretora do espetáculo, Chela Ferrari, explica que este ineditismo não é exclusividade do Festival de Curitiba. Ela conta que nas instituições, festivais e teatros internacionais por onde a peça circulou desde 2021 nunca houve outra produção profissional com elenco “neurodivergente”. 

Dessa maneira, a peça tem fomentado o debate sobre inclusão e o combate a desinformação e preconceito quanto à condição das pessoas portadores da Trissomia 21. 

Chela disse que ao fim da primeira temporada de Hamlet em Lima, o diretor da Sociedade Peruana de Síndrome de Down a procurou dizendo que a peça havia “alcançado uma projeção e gerado um debate maior do que todo o trabalho feito pela organização nos 20 anos anteriores”.

O mesmo impacto, ela conta, tem se refletido na diversidade do público. “Nunca antes tivemos tantos portadores de Síndrome de Down na plateia. Alguns deles nos contaram que pela primeira vez se sentiram representados”, disse.

Para a diretora, o que torna esta montagem especial é saber que os atores e atrizes atuam sem o apoio de pessoas neurotípicas. Por este motivo, na escolha do elenco, nenhuma das razões pelas quais um ator teria sido rejeitado foi levada em conta.   

“Refiro-me a características como dificuldade de vocalização, problemas de dicção, gagueira pronunciada, tempos atrasados ​​ou momentos em branco. Nos perguntamos se seria possível encontrar valor nessas características que as convenções definem a má atuação e encontrar outras formas de representá-la”, disse.

 Chela acredita no poder transformador e usa a própria experiência para demonstrar. “Antes deste projeto, se me perguntassem se a Síndrome de Down deveria ser erradicada, provavelmente teria dito que sim. Hoje tenho a convicção de que o mundo é um lugar melhor porque existem pessoas com Síndrome de Down”, disse. 

Dia Mundial da Síndrome de Down

O Dia Mundial da Síndrome de Down é uma data de conscientização global para celebrar a vida das pessoas com a síndrome e para garantir que elas tenham as mesmas liberdades e oportunidades que todas as pessoas. 

Oficialmente reconhecida pela ONU desde 2021, a data 21/03 não é escolhida ao acaso. Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é a alteração genética causada por uma divisão celular atípica durante a divisão do embrião. As pessoas com a síndrome, em vez de dois cromossomos no par 21 (o menor cromossomo humano), têm três. 

Por Sandro Moser – Agência de Notícias do FTC